Primeiro de Abril 2024

Dia da Pós-Verdade

Alan Dubner
17 min readApr 2, 2024
Rio+20 junho de 2012

A chamada pós-verdade é um conceito (de origem incerta) que define quando intencionalmente se substitui uma verdade objetiva por uma mentira que causa uma comoção emocional que faz alguém preferir escolher acreditar numa emocionante mentira do que na verdade, principalmente se for uma verdade inconveniente. Em essência, a pós-verdade representa uma distorção fabricada da realidade, caracterizada pela manipulação de crenças e emoções para influenciar a opinião pública e moldar comportamentos. Em outras palavras, repetindo as ideias acima, trata-se de criar uma estratégia narrativa para apelar às emoções das pessoas, desviando sua atenção dos fatos concretos e da realidade objetiva. Quem são as vítimas dessas “maldades”? Nós, todos nós!

Com um mundo dominado pelas mídias sociais e pelas idiossincrasias da internet, as Fake News, têm se tornado a regra e não mais a exceção. Essas são informações deliberadamente fabricadas com o propósito de enganar, dificultando a distinção entre o que é verdadeiro e o que não é em meio ao excesso de informação — um fenômeno conhecido como “infoxicação”. Essa saturação contribui para a propagação de notícias falsas, que são prontamente aceitas como verdadeiras por, tristemente, muitos.

A política é um dos campos mais propícios de proliferação da pós-verdade, ela está desde os discursos populistas até a construção das nefastas polarizações.

Hannah Arendt é uma das pensadoras que mais se aprofundou, sobre o tema da verdade na filosofia política. A Verdade é Política por natureza!

“A verdade factual relaciona-se sempre com outras pessoas: ela diz respeito a eventos e circunstâncias nas quais muitos são envolvidos; é estabelecida por testemunhas e depende de comprovação; existe apenas na medida em que se fala sobre ela, mesmo quando ocorre no domínio da intimidade. É política por natureza.” Hannah Arendt

Não se sabe a origem ao certo a origem do termo “pós-verdade”, alguns o atribuem a Steve Tesich num artigo de 1992 que escreveu para a revista The Nation. Ralph Keyes foi um dos primeiros a publicar um livro com termo “pós-verdade” (2004), discutindo como a desonestidade se tornou comum na vida contemporânea. Ele argumenta que a linha entre verdade e mentira está cada vez mais borrada, com as pessoas justificando pequenas mentiras e enganos em prol de conveniências pessoais e profissionais. Seu livro de 2004: “Era da pós-verdade: Desonestidade e enganação na vida contemporânea”.

Como se proteger dessas ardilosas manipulações? Como deixar de ser um colaborador da desinformação!

1 — Primeiro é necessário admitir que a realidade que você acredita estar vendo é apenas a sua Percepção da Realidade. Cada um vê uma realidade própria construída por uma somatória de fatores (como crenças e valores). Portanto precisamos aceitar que temos vieses. Estamos recebendo e aceitando informações que foram manipuladas. Não é só os outros que não estão vendo. Nós também acreditamos no inacreditável. Seja mais cético.

2- Tenha uma Visão Sistêmica. Olhar o todo e buscar perceber suas conexões. Uma coisa interfere na outra e vice-versa. Somos interdependentes. Nada é isolado. Nada é por acaso. Se alguma coisa não fizer sentido quando olhar como ela se conecta com o todo, desconfie!

3 — Desenvolva um Pensamento Crítico para todas as informações que recebe. Questione. Faça as perguntas: o Quê? Quem? Quando? Onde? Por quê? Como? Quanto? Pode parecer exagerado e até um pouco ridículo. Com o tempo a gente se acostuma e fica quase automático. Hoje até os vídeos são fáceis de manipular. Portanto não basta ver para crer, ouvir para acreditar ou ler para saber. As novas gerações, provavelmente, não terão problemas com isso. Será natural ter um extremo cuidado com todas as mídias.

4 — Selecione suas Fontes. Selecione, cuidadosamente, suas fontes. Lembre-se que muitas vezes as mídias se travestem de confiáveis, seja por um visual similar, por um falso endosso, por um apresentador pseudo famoso ou outra artimanha.

5 — Use as Ferramentas Digitais ao seu favor. Procure checar os fatos com pesquisas, outras visões, sites de checagem, IA (Gemini, ChatGPT) e paciência. Muita paciência!

6 — Suspenda seus Preconceitos. A única maneira de você verificar se o seu conteúdo é genuíno é ter um olhar generoso para uma visão diferente da sua. Isso significa se abrir a possibilidade de uma outra interpretação. Sem essa habilidade você continuará refém do conteúdo da sua “bolha”.

7 — Aprenda a aprender. Busque entender como funcionam os algoritmos, como se manipula pela desinformação, quais os objetivos de quem está repassando a informação, quem se beneficia e como. Aprenda a não ser um disseminador de informações falsas. Não trabalhe para os manipuladores.

8 — Seja cauteloso. Só passe uma informação para frente se você estiver seguro de que não está, involuntariamente, participando de uma corrente de desinformação. Entenda que é muito difícil ser cauteloso, principalmente, se houver uma boa intenção nesse gesto. Resista ao impulso de repostar imediatamente a mensagem, certifique-se de que ela é real e útil.

Alguns exemplos de Pós-Verdade:

Eleições presidenciais no Brasil em 2014. Esse foi ano em que foi inaugurado, no mundo, essas ações profissionalmente articuladas para manipular os eleitores e definirem (artificialmente) os resultados das eleições. O Brasil seria outro, hoje, se não fossem por essas ações criminosas.

Referendo do Brexit, em junho de 2016, em que o Reino Unido votou sua saída da União Europeia. Esse desastre só aconteceu pela manipulação da desinformação e o uso de subterfúgios criminosos (como no Brasil em 2014) para enganar parte da população. Esse crime (Cambridge Analitics entre outros) foi amplamente estudado e divulgado. Deixou os Ingleses… a ver navios!

Eleição do Trump, em novembro de 2016, onde o mais baixo nível de uma eleição política americana conseguiu chegar. Quem imaginaria que uma figura tão controversa e de uma incompetência comprovada conseguiria vencer as primárias dos Republicanos? Quem imaginaria que conseguiria vencer as eleições americanas? Sendo até hoje ter uma relevância a ponto de ser o principal candidato para as eleições desse ano? Vejam o poder das ações de pós-verdade.

Pandemia COVID 19, nesse exemplo existem dezenas de perguntas e a maioria não foram ainda respondidas. Acredito que dentro de uns dois a três anos entenderemos melhor o que aconteceu, onde houve desinformação, quem as manipulou, o porquê, como conseguiram, quanto ganharam e principalmente qual o legado dessa intervenção mundial. Tenho certeza de que cada um de nós tem uma visão dessa realidade, invariavelmente enviesada. Quem admite?

Negacionismo da Crise Climática — A essa altura do campeonato negar todas as evidências cientificas é de chorar. Todos nós conhecemos alguém que pensa e divulga desinformação. Lamentavelmente, a maioria dos “experts” o fazem intencionalmente por motivos obviamente escusos. Quando Al Gore, em 2006, apresentou o documentário “Uma verdade inconveniente” parecia que ninguém mais iria negar o que alguém com alta reputação levantou com os principais cientistas. Quando os cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) organização cientifica com 195 países membros (só quase todos), publicam as informações tão precisas de como estamos, quem pode refutar a ciência? Ainda sim tem gente negando.

A Terra é Plana — Muito parecido com o exemplo anterior. Com evidências absolutamente irrefutáveis de que a Terra não é plana, ainda assim existem pessoas que pensam diferente da ciência.

Grupo QAnon — começou (1917 EUA) com uma teoria de que que existe uma cabala global de elites satânicas pedófilas que governam o mundo e estão conspirando contra o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que estaria lutando secretamente contra esse grupo. QAnon começou em fóruns online com mensagens enigmáticas de um usuário anônimo chamado “Q”, que afirmava ter acesso a informações secretas do governo. Rapidamente, evoluiu para um movimento mais amplo, com seguidores promovendo uma variedade de teorias da conspiração interconectadas.

Pega na Mentira

O Golpe Militar de 1964 foi no dia 1º de abril

Apesar de alguns dizerem que a data exata não tem importância, acredito que tenha. Primeiro porque denuncia a mentira para que a chamada “revolução” não parecesse uma mentira e evitar as piadas típicas do bom humor brasileiro. O Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País) do Stanislaw Ponte Preta (Sergio Porto) só surgiria dois anos depois e o Pasquim cinco anos após em 1969. O outro motivo da data ter sido escondida é que revelava que o golpe não tinha sido planejado para essa data. Ninguém faria um movimento desses sabendo que entraria para história e seria lembrado, todo ano, como realizado no Dia da Mentira. Parece que no planejamento o dia seria o 8 de abril. O que não esperavam é que o General Olympio Mourão Filho, sentindo-se traído pelo Governador de Minas, Magalhães Pinto (que almejava se eleger presidente em 1965, após varrerem os comunistas do Brasil), se rebelaria e colocaria a jovem tropa de meninos para irem de Juiz de Fora ao Rio de Janeiro atacar o prédio do Ministério da Guerra e o Palacio das Laranjeiras onde estaria dormindo o presidente João Goulart. Os telefonemas do Mourão ainda de pijama, com roupão vermelho (parece piada pronta) anunciando o golpe foi uma surpresa desagradável para os organizadores do golpe. Mourão saiu com a tropa e, apesar das confusões criadas com os conspiradores oficiais, o golpe foi no dia 1º de abril. O que inicialmente parecia ser um mandato tampão, que devolveria a democracia em 1965, após afastarem o perigo vermelho, com eleições diretas acabou virando um golpe de estado completo e implantação da ditadura. A decisão inicial do general Castello Branco parecia ser sensata para evitar a ocupação das tropas americanas no território brasileiro. Operação Brother Sam como ficou conhecida a gigantesca interferência do governo dos EUA no Brasil. Uma força naval já estava próxima ao litoral. Foram várias desavenças com o presidente João Goulart (Jango), entre elas a criação de uma lei em 1962 que limitava, em 10%, a transferência de lucros das multinacionais para o exterior. Desagradou muitos americanos. Pouco provável que os órgãos de inteligência acreditassem que Jango fosse comunista. A Guerra Fria com a União Soviética e o fracasso com Cuba exagerou os ânimos em relação ao Brasil. De qualquer maneira a Ditadura passou por varias fases, a primeira até o AI-5 (1968) onde foi bem conturbada, inclusive com a criação do SNI pelo general Golbery do Couto e Silva, mas após o decreto do AI-5 a violência escalonou mais ainda com muitas mortes, torturas e barbaridades de todo tipo. Poucos eram os que apontavam o dedo no nariz do governo militar e saiam impunes, o que gerava desconfiança. Mais para o final havia indícios de que haveria um novo golpe dentro do golpe para depor o presidente João Figueiredo e continuar com a ditadura. Um fato, no mínimo curioso, alterou essa possibilidade porque fez o povo se solidarizar com o Figueiredo. Ele fez uma operação do coração em Cleveland (EUA) onde ficou por mais de um mês em julho de 1983. Um grupo de publicitários iniciou uma campanha a favor do presidente que gerou uma comoção na população e acabou com qualquer pretensão de um grupo de militares realizarem o golpe. Enfim, o que é verdade e o que é uma narrativa enviesada, não sei. Deixo para cada um tirar suas próprias conclusões. Mas que o golpe foi no 1º de abril, foi mesmo!

Camuflando a Verdade

Existem, para mim, três casos emblemáticos da mídia brasileira desviando seu público para acontecimentos MUITO importantes. Seja por motivo de negligência, incompetência ou até mesmo má fé dos editores e talvez jornalistas. Seja como for, o melhor é ficar atento às mídias mais interessadas em conteúdos relevantes do que mídias interessadas em Pão & Circo.

Pangea Day

No dia 10 de maio de 2008 aconteceu um evento mundial dos mais maravilhosos que eu já tenha visto até hoje. Nada se compara ao que foi as quatro horas de transmissão mundial do Pangea Day. Naquela época existia o TED que era o mais incrível espaço de aprendizagem. Ainda não existiam os TEDx , que só foram criados em 2011. O evento arrecadava um bom dinheiro que era destinado a cumprir o desejo de um vencedor (TED Prize) daquele ano. Em 2006 venceu a cineasta egípcia Jehane Noujaim como resultado de seu desejo de utilizar o poder do cinema para fomentar uma maior compreensão e paz global. A ideia era selecionar curta metragens do mundo inteiro mostrando seus hábitos e culturas locais. Os filmes foram selecionados para destacar histórias que pudessem transcender fronteiras geopolíticas, culturais e religiosas, inspirando espectadores a verem o mundo através dos olhos de outras pessoas.

Ela acreditava (acredito também) que quando as pessoas vissem outros semelhantes no mundo todo, tendo as mesmas necessidades de (amar, comer, trabalhar, rir, brincar, rezar, cantar, ler, praticar esportes, fazer arte… Viver) não teriam motivos para brigar ou ter ódio. Funcionou! Milhões de pessoas se envolveram nesse projeto. Além dos filmes (curtas) tiveram países anfitriões que fizeram, ao vivo, show de música e apresentações especiais. As cidades ao redor do mundo foram Cairo, Kigali, Londres, Los Angeles, Mumbai e Rio de Janeiro. Sim, Rio de Janeiro, Brasil! Nada menos que Gilberto Gil (então ministro da cultura) comandando, direto do Morro da Gavea, uma legião de artistas. Simplesmente único e maravilhoso! Até hoje, nada igual no mundo!

Por que a grande maioria dos brasileiros não ficou sabendo do evento? Uma boa parte assistiu depois de anos como alguns de vocês lendo aqui, que não sabiam e vão procurar no Youtube.

A mídia brasileira estava integralmente (toda mídia) ocupada com um fato ocorrido há mais de um mês antes. Não era possível ligar a TV, rádio, ler um jornal ou revista sem cair na gigantesca cobertura que a mídia (Pão & Circo) explorou ao máximo com as cenas mais ultrajantes e mórbidas que atraem o público e os desviam do que REALMENTE importa. Era o caso Isabella Nardoni ocorrido em 29 de março anterior. Uma menina arremessada pela janela de um prédio. Foi isso que a mídia e público consumiu por meses a fio. Triste! Em minhas palestras, sempre que mencionava o Pangea Day, ninguém tinha ouvido falar. Agora se perguntar da Lady Gaga no Brasil…

Rio+20

A Rio+20 já tinha começado com um certo desdém pelo governo brasileiro, ao alterar sua data histórica de 5 de junho (dia mundial do meio ambiente) para o dia 13 de junho por causa do aniversário de coroação de 60 anos da rainha Elizabeth do Reino Unido que seria no dia 4 de junho. Parece mentira de pós-verdade, mas é verdade mesmo! Inacreditável, mas verdade! O fato é que o Rio de Janeiro ficou durante 10 dias com cientistas, ministros, presidentes, professores, estudantes, empresários, ambientalistas, artistas, cidadãos do mundo todo. Tivemos a presença de 188 países. Apesar da mudança de agenda, a presença foi extraordinária. Foi o evento mais importante de Sustentabilidade até então. Em vários espaços espalhados pelo Rio de Janeiro, foram diariamente, eventos maravilhosos. Todo mundo que importa, estava lá! A cidade estava um caos para se locomover de um espaço da Rio+20 para outro devido ao enorme número de pessoas. Pois bem, o que o principal jornal do Rio, O Globo, colocou na manchete de primeira página no último e mais importante dia do evento? “IMPEACHMENT RELÂMPAGO PODE CASSAR PRESIDENTE DO PARAGUAI” Esse era (e ainda é) o principal jornal do Rio (O Jornal do Brasil já não existia mais), um dos principais para falar do mais importante evento de Sustentabilidade do Planeta. Ele achou que a melhor notícia do dia era falar do presidente do Paraguai. E no dia seguinte, sábado, em que o evento tinha finalizado na sexta. Qual era a manchete? “Paraguai cassa presidente e pode ser expulso do Mercosul”. E no Domingo onde a edição tem mais peso? “Torturador rompe silêncio de 41 anos sobre Casa da Morte”. Pão & Circo da pior qualidade possível! Quando falo da manchete, significa reconhecer o que o jornal acredita ser o mais importante informar seu público. Tinha um caderno especial da Rio+20 que era claramente para vender anúncio, como outros tantos cadernos especiais de cada dia. Os textos eram de péssima qualidade escritos por quem tinha pouca noção do que estava acontecendo. O Globo não entendeu o que estava acontecendo no Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho de 2012.

COPA 2014

A Copa de 2014 no Brasil teve a sua estreia com o maior nível de audiência do planeta até aquela data (acredito que ainda não tenha sido superado). A anterior foi a transmissão do primeiro homem na Lua (1969) onde haviam em torno de 500 milhões de espectadores. O pontapé inicial da Copa 2014 foi dado no gramado da Arena Corinthians por Juliano Pinto e foi assistido por 1,2 bilhões de pessoas no mundo todo. Sim 1 bilhão e 200 mil pessoas no mundo viram o paraplégico brasileiro dar o primeiro chute na bola (Brazuca) com o exoesqueleto desenvolvido pelo cientista/médico/neurologista, Miguel Nicolelis. Só quem não viu, ao vivo, o chute do Juliano na Brazuca foram os brasileiros que estavam assistindo a transmissão pela Globo. No momento mais importante do país e para o país, os diretores resolveram mostrar o ônibus da seleção brasileira chegando. Não tenho palavras para expressar essa gigantesca gafe cometida pela principal rede de televisão brasileira. Não mostrar o pontapé inicial da COPA no Brasil já seria um erro imperdoável, não mostrar o que há de mais avançado na ciência médica para os que tem dificuldades físicas… não há palavras. O que o Nicolelis mostrou para a maior audiência mundial (menos a Globo) é o que o Elon Musk está mostrando agora em 2024 numa escala bem menor. No entanto, vejo a cobertura que estão dando a Neurolink do Elon Musk sem mencionar o que o Nicolelis já fez há muito tempo, sem mencionar os alunos do Nicolelis que trabalharam na Neurolink. A maior vergonha dessa COPA 2014 não foi 7 a 1, foi a falta de noção do que é importante para o público e para o país. Os outros países não cometeram essa gafe. O que é isso? Só estão muito mal-informados? Escolhem sempre o conteúdo mais “trash” porque gera mais audiência e portanto mais anunciantes? É isso?

Parabéns Miguel Nicolelis pelo incrível trabalho que vem realizando há anos e sua contribuição para nossa humanidade!

Dia da Mentira

A teoria mais popular sugere que a tradição do Dia da Mentira começou com a introdução do Calendário Gregoriano pelo rei Carlos IX da França em 1564. Antes dessa mudança, o Ano Novo era comemorado no final de março, com as festividades se estendendo até o dia 1º de abril. Quando o início do ano novo foi oficialmente alterado para 1º de janeiro, para alinhar melhor o calendário com o ano solar, nem todos na França receberam a notícia imediatamente devido às lentas comunicações da época. Além disso, algumas pessoas resistiram à mudança e continuaram a celebrar o Ano Novo na data antiga, em abril. Como resultado, elas se tornaram alvo de piadas e brincadeiras, sendo enviadas em “missões tolas” ou recebendo convites para festas inexistentes, práticas que podem ter dado origem à tradição de pregar peças no dia 1º de abril.

O Observatório do Clima, uma das mais confiáveis fontes de informações sobre clima do país, publicou uma notícia que desejaríamos que fosse verdade, mas é mentira, seguindo uma tradição de “brincar” a cada 1º de Abril: https://oc.eco.br/brasil-anunciara-desistencia-da-margem-equatorial/

Efemérides

1º de Abril 2023

https://medium.com/@alandubner/primeiro-de-abril-2023-676285c3b429

Volto ao assunto da Inteligência Artificial por causa da enorme repercussão nas mídias em geral. Nos últimos quatro meses o ChatGPT da OpenAI tem gerado uma ampla discussão quanto aos aspectos positivos e negativos da inteligência artificial na nossa humanidade. As mídias nada falaram em dezembro de 2022, em janeiro de 2023 começaram a falar aqui e ali (publiquei no meu texto de 1º de Fevereiro), em fevereiro foi para o grande público e em março todo mundo só fala disso, principalmente pelo lançamento do GPT-4 e da carta criada pela Future of Life Institute e assinada por mais de 50.000 pessoas entre elas Yuval Harari, Steve Wozniac, Tristan Harris, Yoshua Bengio, Emad Mostaque, Andrew Yang, Evan Sharp e Elon Musk (um dos fundadores iniciais da Open AI). A carta tem um propósito simbólico de frear, por pelo menos seis meses, os avanços dos “gigantes” em Inteligência Artificial.

Exageros e medos a parte, essa febre está nos levando a repensar o impacto da IA em absolutamente tudo que fazemos. Não se trata de ser contra ou a favor e sim de entender o que realmente é e como funciona. As novas variantes de IA podem gerar texto suficiente para escrever um livro, codificar em todas as linguagens de computador e, inacreditavelmente, “entender” imagens. Quem não está, ao mesmo tempo, confuso e curioso com o potencial de tudo isso, não está prestando atenção. Estamos galgando mais um degrau desde o inicio de nossa caminhada com a ideia da Máquina de Turing (Alan Turing) de 1936. A questão fundamental é quanto a linguagem. A linguagem consegue nos fazer acreditar que a inteligência é muito maior do que realmente é. Por isso na interação com algum aplicativo empoderado com a IA é fundamental saber interagir. Vamos assistir a uma nova linha de aprendizagem e capacitação de melhor aproveitamento da ferramenta através de uma interação que obtém os resultados desejados.”

1º de Abril de 2022

https://medium.com/@alandubner/primeiro-de-abril-2950c20128a8

“A verdade e a mentira se confundem de tal maneira que hoje está muito mais para uma escolha do que gostaríamos de acreditar do que uma busca pela verdade.

A fábrica de tornar as ficções criadas em verdadeiras funcionam de uma maneira até simples. A receita começa com uma porção generosa de verdade comprovada. Acrescenta-se, a gosto, mentiras deslavadas. Para tornar a ficção deliciosamente viral é necessário pitadas de criatividade com poder de alterar as emoções. O segredo está no cozimento onde se leva ao fogo muitas e muitas vezes e em diversas cozinhas dando a sensação de que o quitute é legitimo. Para completar a farsa, faça a história ser oferecida em muitos endereços, a maioria são cadeias próprias de restaurantes servindo comida requentada fingindo que existem. Os botequins são uma ótima opção para os paladares mais populares e viciados em pimenta. Não se preocupem com os formadores de opinião, eles virão, automaticamente, assim que a história começar a viralizar para parecer que foram eles que a viralizaram.”

1º de Abril de 2021

https://medium.com/@alandubner/primeiro-de-abril-5d685faabf14

“Hoje, 1º de abril, o Psicodrama faz 100 anos! Joseph Levy Moreno, criador da técnica terapêutica do Psicodrama é também pai de muitas ideias e inovações que estão hoje integradas em nosso dia a dia e nem nos damos conta. A terapia de grupo foi uma de suas contribuições mais significativas a todas as terapias. A Socionomia, ou estudo das relações é a mãe das redes sociais de hoje. Pois é… Facebook, Instagram, Google, Twitter, Whatsapp tem tudo a ver com o Moreno. Procurem por Sociodinâmica, Sociometria e Sociatria. Dizem que em 1912 num encontro com Freud, lhe disse que enquanto ele (Freud) analisava os sonhos, ele (Moreno) dava coragem para sonhar e novo.

A Federação Brasileira de Psicodrama (Febrap) editou um vídeo para celebrar os 100 anos do Psicodrama: https://youtu.be/LAFFreYwHHY

Em março saiu o livro Psicodrama Virtual, com vários autores em que fui convidado para escrever um capítulo. O Psicodrama em si é virtual e por isso acredito, pelo que vivenciei nesse último ano, no que o JL Moreno dizia: que o Psicodrama no século XXI será a terapia que a Psicanálise foi para o século XX. Sou um apaixonado pelo Psicodrama!”

1º de Abril de 2020

https://medium.com/@alandubner/primeiro-de-abril-1476a2fe6cb3

“O que vejo que está claramente se desenhando no horizonte para iniciarmos a próxima década a partir de primeiro de janeiro de 2021 são:

- A medicina vai finalmente evoluir para cuidar prioritariamente da prevenção ao invés das doenças. Vai se tornar amplamente colaborativa e completamente sem fronteiras. Levará em conta ciência, tecnologia e principalmente culturas. Cuidará fundamentalmente do DNA ao estilo de vida, da alimentação ao ar que respiramos, da meditação a movimentação, da autoestima a psicologia.

- A economia não conseguirá manter seu atual modelo estrutural. O jogo já mudou! Quem tentar jogar com as regras antigas logo perceberá que terá que se tornar alguém detestável para si mesmo e para os outros. Poucas pessoas ficam confortáveis nessa posição. O medo e a insegurança com a sobrevivência vão retardar o pleno funcionamento de uma economia com uma cultura de Gift.

- As escolas nunca mais serão as mesmas. Vamos finalmente sair das metodologias do século XIX para entrar nas condizentes com o século XXI. Quem poderia imaginar que os sistemas de aprendizagem iriam dar esse salto quântico através desse artifício? Quem diria que o conhecimento não estaria mais atrelado a memória e sim a sabedoria? A Educação será livre, com janelas sem salas, com notas de músicas, com folhas da natureza e principalmente com muito amor.

- A politica dos políticos ainda sobreviverá mais algumas primaveras enquanto houver a crença de que o sistema eleitoral tem alguma coisa a ver com a democracia. A política vai migrar dos políticos para a sociedade civil. E as políticas públicas serão decididas pontualmente através da participação dos interessados devidamente qualificados. Em pouco tempo os políticos serão substituídos por uma nova geração de políticos conectados com a sociedade civil.

- A religião, no geral, terá dificuldades de manter o véu da ignorância como força motriz da maioria de seus seguidores. Apesar da imensa fome por algo que explique o inexplicável, por um sabor de pertencimento, por um alimento para a alma… a busca será mais ouvindo a voz de dentro do que a palavra dos gurus. Você, finalmente, será seu próprio guru!”

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Alan Dubner
Alan Dubner

Written by Alan Dubner

Consultoria em Sistemas de Aprendizagem e Educação para Sustentabilidade

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