Primeiro de Agosto 2024

Alan Dubner
4 min readAug 1, 2024

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O BRASIL não é para principiantes!

Geoglifos na Amazônia

O Brasil não é para principiantes!

Essa frase atribuída e consagrada a Tom Jobim, diz tudo. Um país que antes mesmo de ser abordado ou abalado pelos europeus tinha uma misteriosa riqueza que aos poucos vem sendo desvendada. As milenares marcas deixadas são impressionantes, desde os geoglifos na Amazônia até os incríveis Peabirus (caminhos ligando o Pacífico ao Atlântico). Os povos que aqui habitavam tinham suas próprias culturas, idiomas e sabiam que eram parte da Natureza. Eram centenas de países dentro de um território que ainda não tinham a noção, muito estranha por sinal, da existência de linhas invisíveis que separavam territórios. Até hoje, só no Brasil, são mais de 300 etnias (países) com aproximadamente 275 línguas próprias. Fora as nações que ainda não foram contatadas e espero que continue assim. Quando os europeus chegaram aqui, nas primeiras vezes, ficaram tão chocados com a exuberância que chegaram a confundir com o paraíso… sim o Paraíso! Naquela época, ninguém tirava da cabeça desses menos desenvolvidos do que os habitantes locais, de que haviam encontrado o paraíso terrestre. Isso não foi uma moda passageira, durou séculos para o desespero da Igreja. Só como exemplo em junho de 1774, a Inquisição, afogou, enforcou e queimou Pedro de Rates Hanequim por afirmar essa blasfêmia. E perdurou por mais um tempo até que os hereges foram minguando. Esse local encantado era chamado por esses primeiros europeus nos trópicos, de Brasil. Poucos conseguiam chamá-lo pelos nomes oficiais da época, Ilha de Vera Cruz, Terra Nova, Terra dos Papagaios, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e até tentaram incorporar o Brasil com os próximos dois nomes: Terra de Santa Cruz do Brasil e Terra do Brasil. Nada! Como isso foi acontecer com o nome? Apesar de eu gostar muito de ter nascido num país com nome de árvore (pau-brasil), parece que a história não foi bem essa. Na época havia uma crença muito forte na existência de uma Ilha chamada Hy Brasil. Era uma espécie de ilha misteriosa e magicamente maravilhosa que aparecia de vez em quando para poucos. Essa lenda tem muitas versões, a mais interessante é de que se trata de uma mitologia Celta. No século XV para o XVI, esse mito estava em alta no imaginário, principalmente dos navegadores que se deparavam com coisas nunca vistas.

O Brasil já foi de tudo! Já foi Pindorama, Colônia, Reino, Império, Estados Unidos, República Federativa. Já foi Indígena, Português, Espanhol, Francês, Holandês. Já foi Livre, Colonizada , Monarquista, Ditadura, Parlamentarista, Republicana. O Brasil já foi até uma Democracia!

Fiquei pensando no que dizer sobre esse mês que passou? Por onde começar?

Pelas polêmicas na abertura das Olímpiadas de Paris? Pela renúncia do Biden? Pelas denúncias das vacinas da COVID? Pelas guerras em andamento? Pelo avanço desengonçado da inteligência artificial?

E no Brasil? Por onde começamos? Pelas revelações das negligências quanto a tragédia no Rio Grande do Sul? Pela elevação extraordinária de pedidos de auxílio social BPC (Benefício de Prestação Continuada)? Pela inacreditável insistência de perfurar petróleo acelerando nossa extinção? Pelo sistemático genocídio dos povos originários? Pela teimosia em manter a Educação no século 19? Pela manutenção da polarização da politicagem na política? Pela contínua liderança no consumo mundial de agrotóxicos?

Quero mencionar as dificuldades de perceber a IA (inteligência artificial) com os sistemas de aprendizagem. Mudou tudo novamente e existe uma grande chance de os modelos educacionais permanecerem estacionados exatamente como estão e pior, com a anuência dos pais. Esse formato de adquirir saberes não tem mais como funcionar.

A mudança de um paradigma é sempre um convite a ter que reconstruir o que esses pilares sustentavam. Acredito que esse convite assusta tanto que paralisa o “establishment”. Eles fingem que o que já morreu está vivo e não percebem as cenas ridículas que protagonizam. Cenas tão vexatórias que se não fossem a cumplicidade e o medo coletivo de dizer que o rei está pelado mesmo, pareceriam aquelas que a mídia viralizou do tio (Paulo) morto sacando dinheiro.

Quando uma ferramenta (tecnologia) altera o paradigma é difícil perceber que não se trata de uma melhoria e sim de uma transformação que exige um novo modelo mental. A resistência não é pela falta de percepção de que mudou e sim pelo medo do desconhecido (escuro). Escolher ficar só na zona de conforto foi nos ensinado desde o berço. Com isso precisamos criar as nossas dissonâncias cognitivas para acreditar no inacreditável e seguir pacificamente sendo vivido pela vida, ao invés de viver a Vida! Quando alguém, inconformadamente, desafia esse sistema e denuncia que o rei está nu é um perigo para o castelo de cartas. Pau neles!!!!

Portanto a pergunta “O que é Saber (pós AI)?”, é importantíssima de ser respondida mesmo que venha a derrubar os muros das escolas. Quanto mais cedo as instituições de ensino perceberem que vão precisar reinventar o negócio, melhor para a sociedade como um todo. O saber será de dentro para fora e não mais de fora para dentro. As habilidades serão as de aprender a aprender, separar o que tem valor do que é inútil, ser auto motivado, entender que não existe verdade possível nas polarizações, desenvolver um senso crítico pessoal e intransferível para fazer suas escolhas e, principalmente, utilizar a inteligência natural.

Que a Natureza nos ensine o caminho de volta!

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Alan Dubner
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Written by Alan Dubner

Consultoria em Sistemas de Aprendizagem e Educação para Sustentabilidade

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