Primeiro de Fevereiro 2025

Alan Dubner
4 min readFeb 1, 2025

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Inteligência Natural ou Artificial?

Para o início dessa conversa quero deixar de lado (por enquanto) as graves consequências da nova direção do norte da nossa América; o planeta ter ultrapassado, em 2024, os 1,5º celsius; as altíssimas e baixíssimas temperaturas no ano mais quente da história; as inundações, secas e queimadas; a partida dos extraordinários Jimmy Carter, Quincy Jones e Ziraldo; a celebração dos 103 anos de Edgar Morin, os 89 do Mujica e os 88 de Satish Kumar; os três anos de invasão da Rússia na Ucrania; a troca de cada refém por 30 terroristas; a deposição de Assad na Síria; o discurso fascista do Zuckerberg; a saudação nazista do Musk; a saída dos bancos Bank of America, Citi, Goldman Sachs e Wells Fargo da Net-Zero Banking Alliance; os presidentes eleitos hoje Hugo Mota e Alcolumbre; a falta de hospedagem em Belém para a COP30; a insanidade de explorar petróleo na Foz do Amazonas; a carta do Gustavo Petro; o sermão da bispa Mariann Budde; a indústria fake do ESG; o Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock) e tantos outros assuntos que mereceriam um texto inteiro para cada um.

Também não vou falar hoje sobre o FOMO (Fear Of Missing Out), medo de estar perdendo alguma coisa inútil que aparenta ser útil. Nem do FOBO (Fear of Better Options), JOMO (Joy of Missing Out), YOLO (You Only Live Once), FOPO (Fear of Other People’s Opinions), FONO (Fear of Normal), FOJI (Fear of Joining In), ROMO (Reality of Missing Out), FOMOMO (Fear of the Mystery of Missing Out), MOMO (Mystery of Missing Out), SLOMO (Slow to Missing Out), NEMO (Nearly but not fully Missing Out), apesar de cada uma delas ser interessantíssima. Também não falarei do impressionante AUTOPLAY Addiction (Vício de Reprodução Automática).

Me segurei para não falar da ansiedade das crianças e jovens, chamada de Geração Ansiosa por Jonathan Haidt que participou do Roda Viva no início de dezembro. Esse assunto é gravíssimo e cabeludo! Pouca gente se interessa pelo atual desastre e suas consequências. O tema é tão assustador e urgente. Melhor para por aqui hoje.

Hoje quero que essa nossa conversa venha a partir de uma frase que escrevi no texto do mês passado ”A Realidade Real”:

“Acreditamos no que pensamos saber, acreditamos no que sabemos que não sabemos, acreditamos no que se convencionou acreditar, acreditamos, sem o menor constrangimento, no inacreditável.”

Acreditamos em tantas narrativas sobre inteligência artificial que é difícil separar o joio do trigo, o mito da realidade. As histórias estão vem vindo num crescente exponencial que dificilmente dá tempo para entender qual a razão de ser de tudo isso. As empresas estão gastando bilhões e tenho prejuízos enormes, fingindo que estão bem no jogo. Na semana passada o DeepSeek chinês causou um alvoroço no mercado das BigTechs. Por que? Alguém imaginava que a China não entraria nesse mercado? Entrou como sempre entra, fazendo uma réplica mais barata e aprimorando no andar da carruagem. Por que abalou tanto assim o mercado? A chinesa Alibaba também soltou seu IA e a Moonshot e ByteDance, também. E a Índia? O país com a maior população do mundo, também está jogando firme e forte. Você está entendendo onde estão os retornos sobre investimento (ROI) dessas empresas? Parece mais uma daquelas bolhas, como a imobiliária de 2008 ou o inofensivo bug do milênio (Y2K) que assustou o planeta todo com uma narrativa de pura ficção e viabilizou a existência de empresas como a Oracle e a SAP.

Esse é um desses hypes que você precisa fingir que sabe alguma coisa para não parecer idiota. Prefiro acreditar no que diz o neurocientista Miguel Nicolelis de que a Inteligência Artificial não é nem inteligente e nem artificial. O conceito de que a IA consegue reproduzir a inteligência analógica ainda está longe de ser uma realidade. Já falei muito de IA nos últimos anos em meus textos aqui. As questões de que podem ser um perigo para humanidade são reais, porém bem diferentes do que o pânico que está se instalando pelas narrativas apocalípticas apontam. As manipulações não são criadas pelas máquinas, são apenas executadas por elas a pedido de quem as comanda. Isso já acontece há anos pelos algoritmos e sistemas de convencimentos usados para engajar e gerar monetização de seus criadores. Fácil perceber que das 10 pessoas mais ricas do mundo, 8 são das BigTech… não precisa dizer mais nada!

Precisamos confiar mais em nós mesmos. Confiar nessa inteligência natural que temos, nessa inteligência da Natureza! Precisamos parar de depender tanto dos aplicativos, dos algoritmos que dizem quem somos e o que devemos fazer.

Precisamos redesenhar as bases civilizatórias para que possamos ter uma transição para uma humanidade possível.

Precisamos:

1- Uma Nova Filosofia onde os paradigmas atuais sejam reconfigurados para gerar uma cultura regenerativa.

2- Uma Nova Economia, para transformar o sistema atual que está em dessintonia com a regeneração.

3- Uma Nova Educação para criar um campo fértil para as novas gerações.

4- Uma Nova Medicina que promova um estilo de vida para o bem-estar e coíba a indústria do envenenamento.

5- Uma Nova Política que abandone a velha política e construa marcos regenerando as práticas civilizatórias.

6 — Uma Nova Ecologia em que a Vida é colocada no centro das decisões.

7 — Uma Nova Religião para que possamos unir ao invés de separar.

Mais Inteligência Natural e menos Inteligência Artificial!

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Alan Dubner
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Written by Alan Dubner

Consultoria em Sistemas de Aprendizagem e Educação para Sustentabilidade

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