Primeiro de Junho

Alan Dubner
3 min readJun 2, 2022

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Hoje é, antes de mais nada, o aniversário de dois anos da minha neta. Razão de ser de tudo que faço para um planeta melhor. Nossas ações de hoje são para as futuras gerações.

Hoje foi um momento histórico num evento em Estocolmo celebrando os 50 anos da primeira conferência da ONU. O encontro contou com a presença da jovem indígena ativista Adri Maffioletti (foto acima) que liderou a conversa e traduziu para o público local as vozes das lideranças indígenas da Amazonia do distante Vale do Javari (Aldeia Maronal do povo Marubo) e do Cacique Almir Suruí da Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, Rondônia. Txai Suruí, que foi a primeira indígena a fazer um discurso (notável) na abertura de uma COP (COP26 Glasgow), também deveria estar presencialmente nesse evento em Estocolmo, mas seu voo atrasou muito e não conseguiu chegar. Seu pai, Almir Suruí, falou da situação crítica da região pelo desmatamento e grande pressão da mineração, muitas vezes incentivado pelo governo. As instituições do governo estão apresentando leis que querem garantir desmatamento, mineração e arrendamento das terras indígenas. Por exemplo, na Terra Indígena Sete de Setembro parte do governo estão apoiando a criação de uma cooperativa indígena de agronegócio, isso é muito ruim para os indígenas locais. A luta deles é de preservar a floresta, os rios, sua cultura e buscar uma forma econômica mais sustentável. Em seguida Virgílio Viana fundador da FAS (Fundação Amazonia Sustentável) que possibilitou esse encontro através do programa dos polos de inclusão digital, apresentou os principais desafios para a preservação da floresta amazônica e seus guardiões. A principal mensagem é de que já passamos da fase de conscientizar e agora é o momento de agir. Muito forte! Rosa dos Anjos, indígena, responsável na FAS pela área indígena apresentou falou dos desafios enfrentados pelos povos da Amazonia. Fomos (em torno de 15 países no evento) transportados virtualmente para a Aldeia Maronal onde o Cacique Alfredo Maronal nos deu noção dos desafios que estão vivenciando principalmente com os invasores nas fronteiras com o Peru e a Colômbia. São pescadores, caçadores, garimpeiros e narcotraficantes. Os representantes que vivem na cidade estão sendo ameaçados pelos pescadores e caçadores, recentemente teve troca de tiro na base do rio Ituí. Precisam de reforço nas bases e estrutura para evitar os invasores. Precisam que instituições e órgãos responsáveis para proteger as bases e seus representantes. O desmatamento já está ultrapassando para dentro das áreas indígenas no Acre. A preocupação dos indígenas como um todo é muito parecida. Esse encontro me emocionou muito! A chamada para o evento pode ser vista no https://bit.ly/AmazonPeople

Amanhã, 2 de junho, começa a Stockholm+50 que tem na sua programação oficial (ONU e Governo Sueco) apenas mais do mesmo. A reunião preparatória em 28 de março na sede da ONU (Nova York) selou o triste destino de um evento que tinha tudo para ser grandioso. Espero estar enganado. Enquanto isso nas ruas e nos eventos laterais, como o de hoje, há muita esperança de resultados importantes. A Stockhol+50 “de verdade” acontece fora dos muros oficiais. Estarei os próximos dias, como estive nos últimos dois, imerso nas dezenas de eventos paralelos. O Dia Mundial do Meio Ambiente é no próximo domingo, 5 de junho! Ironicamente o evento oficial termina no dia 3.

Que as próximas gerações nos perdoem………. perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!

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Alan Dubner

Consultoria em Sistemas de Aprendizagem e Educação para Sustentabilidade