Primeiro de Outubro 2024
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?
Difícil entender quem somos, mais difícil ainda é acreditar. Acreditar é o que nos faz construir, manter e destruir a nossa civilização. Sempre foi assim, somos um dos poucos seres vivos que teimam em não seguir o fluxo da Natureza. Pior… acreditamos que somos separados da Natureza! Acreditamos que não seguimos as mesmas leis da Natureza, essas leis são para todos os outros seres vivos que, nessa verdade, existem para nos servir. Portanto, nessa crise civilizatória estamos na fase da destruição como tantas outras civilizações foram destruídas antes da nossa. Por que mantemos essa estrutura de autodestruição? Há mais de 30 anos sabíamos EXATAMENTE o que estava acontecendo e o que precisávamos fazer para reverter o desastre. E dava para reverter! Como foi possível que ao invés de cuidarmos da nossa sobrevivência como humanidade, escolhemos trilhar o caminho da autodestruição? Hoje, já passamos de muitos “pontos de não retorno” e continuamos, aceleradamente, rumo a muitos outros. Devemos pensar de forma otimista ou de pessimista (alguns chamam de realista)? Devemos acreditar que podemos criar um novo modelo civilizatório que nos inclua como um todo, que inclua toda forma de vida? Num almoço com Fritjof Capra, em agosto promovido por Lourenço Bustani, sugeriu que colocássemos a Vida no centro de tudo. Capra apresentou de forma bem didática sua visão de uma vida dedicada a construção sistêmica dos fundamentos de uma civilização saudável e sustentável. Apresentou os quatro princípios da vida e depois os resumiu em uma frase: “A vida se organiza em redes, tem criatividade, tem inteligência e é regenerativa.” Frisou bem a questão regenerativa dizendo que se a vida não está se regenerando, está morrendo. Falou que esses conceitos estariam bem explicados no próximo número da Revista Resurgence & Ecologist (Setembro/Outubro 2024). Mal pude esperar para ler, no início do mês de setembro na página 22, seu artigo Princípios da Vida, onde a chamada inicial diz: Precisaremos nos tornar ecologicamente alfabetizados para construir comunidades sustentáveis, escreve Fritjof Capra, que explica uma nova teoria avançada de pensamento sistêmico que reconhece que a vida é organizada em redes e é inerentemente regenerativa, criativa e inteligente.
Num parágrafo sobre os princípios sistêmicos da vida nos presenteia com: “Naturalmente, essa síntese envolve alguns conceitos técnicos. No entanto, recentemente encontrei uma maneira completamente não técnica de resumi-la em termos de quatro “princípios da vida”, que, de acordo com a visão sistêmica, constituem sua própria essência. Eles são princípios de organização compartilhados por todos os sistemas vivos, desde as menores bactérias até a ampla gama de fungos, plantas, humanos e outros animais. Em outras palavras, esses quatro princípios estão incorporados em todas as formas de vida, incluindo sistemas sociais e ecossistemas.”
No primeiro princípio “a vida se organiza em redes” inicia dizendo:
“Meu primeiro princípio é que a vida se organiza em redes. Isso na verdade contém duas ideias. Uma é que a rede é o padrão básico de organização de todos os sistemas vivos: onde quer que vejamos vida, vemos redes. Essa percepção se originou no início do século XX na ecologia com o conceito de teias alimentares. Posteriormente, modelos de rede foram usados em todos os níveis de sistemas, visualizando organismos como redes de células e células como redes de moléculas, assim como os ecossistemas são entendidos como redes de organismos individuais.
Uma rede, como todos sabem, é um certo padrão de nós e links, de relacionamentos. Portanto, para entender redes, precisamos aprender a pensar em termos de relacionamentos e padrões, e é disso que se trata o pensamento sistêmico…”
O trecho inicial do segundo princípio “a vida é inerentemente regenerativa” é:
“Meu segundo princípio é que a vida é inerentemente regenerativa. Redes vivas se regeneram continuamente transformando ou substituindo seus componentes. Dessa forma, elas passam por mudanças estruturais contínuas enquanto preservam seus padrões de organização semelhantes a uma teia. Essa coexistência de estabilidade e mudança é de fato uma característica fundamental da vida.
A regeneração contínua da vida na Natureza é, claro, bem conhecida. Só temos que pensar na virada das estações com novo crescimento a cada primavera. Isso é regeneração. A nova percepção na visão de sistemas é que a regeneração opera em todos os níveis da vida, até as redes moleculares nas células. A regeneração é a própria essência da vida…”
Enquanto o terceiro princípio “a vida é inerentemente criativa”, começa com:
“O fato de o metabolismo de um organismo envolver fluxos por meio de redes de processos químicos tem a consequência importante de que esses fluxos metabólicos incluem processos cíclicos caminhos. Esses ciclos podem atuar como ciclos de feedback. Por causa desse feedback, os organismos vivos são capazes de se regular e se organizar. Os ciclos de feedback podem ser auto balanceados, mantendo o organismo em um estado de equilíbrio dinâmico conhecido como homeostase, ou podem ser auto amplificadores, ou “descontrolados”, o que pode resultar na instabilidade de todo o sistema.
Nesse ponto, o sistema pode quebrar ou pode romper para uma nova forma de ordem. Esse surgimento espontâneo de uma nova ordem em pontos críticos de instabilidade, muitas vezes chamado simplesmente de “emergência”, é, na minha opinião, a descoberta mais importante da teoria da complexidade…”
E finalmente o quarto “a vida é inerentemente inteligente” tem seu no seu primeiro parágrafo:
“Meu quarto e último princípio é que a vida é inerentemente inteligente. Isso se baseia em uma nova concepção da natureza da mente, que é uma das implicações filosóficas mais radicais da visão sistêmica da vida, uma vez que finalmente supera a divisão cartesiana entre mente e matéria que tem assombrado filósofos e cientistas por séculos…”
Recomendo fortemente a leitura do texto todo. Maravilhoso! Encontre-o no https://www.resurgence.org
Além das recomendações do Fritjof Capra acredito que as do Satish Kumar são, também, muito importantes e estão apresentadas em seu livro “Amor Radical” que escrevi no texto de Maio no https://medium.com/@alandubner/primeiro-de-maio-2024-d2f1b354d7b8
ALL WE NEED IS LOVE!
TUDO QUE PRECISAMOS É AMOR!
LOVE IS ALL WE NEED!
AMOR É TUDO QUE PRECISAMOS!
Acredito que SOMOS seres de amor e luz.
Acredito que VIEMOS de um ambiente espiritual e estamos tendo uma experiência humana.
Acredito que VAMOS para uma nova dimensão que já começou.
Daqui 5 dias vamos ter eleições para eleger prefeitos e vereadores das cidades brasileiras. Por incrível que possa parecer o sistema eleitoral atual continua a atuar contra a democracia e ignorar a emergência climática. Como se isso não bastasse as cenas de degradação humana se intensificaram de uma maneira jamais vistas. O que assusta mais é a qualidade e qualificação do eleitor que vai definir quem o representa. A maioria vota contra um candidato e não em quem seria seu candidato… o tal do voto inútil. Talvez um vento mais fresco apareça em alguns candidatos(as) a vereador(a) que torço para que se elejam e comecem a mudar o rumo das Câmaras Municipais e seus munícipes.
Os debates a prefeitura de São Paulo são inacreditáveis. Os três primeiros colocados nas pesquisas (questionáveis) são “invotáveis”. Por qualquer parâmetro, a começar pela escolha de seus vices, não dá para escolher qualquer um dos três. Dizer que se escolhe o menos pior… é ridículo!
Se vamos propor apagar incêndios florestais com extintores de incêndio ou outros descalabros piores, estaremos continuamente promovendo anti-ministros a passarem a boiada durante uma pandemia ou discursarem que o meio ambiente é uma ameaça ao desenvolvimento sustentável. Vemos parte do atual governo querendo explorar petróleo, entre outros impropérios à emergência climática, que grita para seus ouvidos surdos. Isso as vésperas do G20 e dos preparativos da COP30.
É fogo! É calor! É seca!
Boas eleições para todos os nós!
Vamos lembrar que a Amor e a Vida são o caminho!
Imagem: capa da Resurgence & Ecologist — Sovereign Bee by Jessica Albarn www.jessicaalbarn.co.uk